sábado, 27 de outubro de 2012

Não Me Cortes O Cabelo Que O Meu Pai Me Penteou. Joana Maia e Magali Marinho + Ricardo Martins

 

 
Não Me Cortes O Cabelo Que o Meu Pai Me Penteou
Registo da Intervenção Land Art.

Nas diferentes relações do homem com o espaço circundante, foi previamente proposto um percurso físico e mental entre o Moinho do Cuco e o Moinho do Bocal. Como uma porção de espaço possível de percorrer simbolicamente, imprimimos a nossa marca em três pontos estratégicos: pelo simbolismo que têm nas relações de evasão/invasão (o sujeito que observa e é observado pela natureza), de divisão (o território demarcado e dividido pelo sujeito, onde os marcos de sinalização e os próprios montes definem lugares de fronteira e separação sociais, culturais e políticas), e de habitação no mundo, (através dos vestígios de arquiteturas e marcas da vivência humana na paisagem). 





 




 10 Matacães, 28 Carvoeira
Instalação| Técnica mista sobre papel recortado

O título remete-nos para um ponto de localização específico: o marco que delimita uma das fronteiras entre duas freguesias do concelho, Matacães e Carvoeira. Este serviu-nos de base para uma reflexão sobre a noção de território, apoiada na noção de rizoma apresentada por Gilles Deleuze e Felix Guattari, na obra “Mil Planaltos, Capitalismo e Esquizofrenia.





 
Sem título
Técnica mista sobre tela e fita Espanta-Pássaros.
O que é uma paisagem? Uma realidade objetiva, vista como objeto real, material, pré-existente ao homem? Uma experiência física que implica uma maneira de ser, de estar ou de habitar o mundo? Ou será uma representação mental ou cultural, influenciada pelos contextos sociais ou políticos?

Luisa Bonigio1 apela a que escutamos o lugar com a sua identidade e fisionomias singulares. Outros autores, convocam a atenção para as paisagens sonoras, olfactivas, gustativas, tácteis dos sentidos, para lá da hierarquia do visível. Tal como diz Pedro Sargento2, “não é preciso ter uma sensibilidade ultradesenvolvida para se conseguir ver para lá do que o simples olhar nos proporciona, mas sim exercer uma curiosidade, procurar informação e ter vontade de ver verdadeiramente.”
 
1Sargento, Pedro, «Geofilosofia, Biocentrismo e Empatia» in revista Babilónia nº8/9, 2010, pp. 187 – 195;
2Ibid., p.191
 
 
 
 
 

Sem Título 
  Instalação | Fita Espanta-Pássaros
 
A escolha do material residiu numa fita “Espanta Pássaros” que é usada pelos agricultores para afastá-los das produções agrícolas, remetendo-nos simbolicamente para todo a origem do problema descrito no conto. Os pássaros comeram os figos que a filha estava a guardar, razão pela qual foi castigada.

Fazendo a ponte entre a relação abordada no Moinho do Bocal e o edifício dos Paços do Concelho de Torres Vedras, reforçamos a ideia de janela enquanto elemento arquitetónico que nos remete para as noções de evasão/invasão, interior/exterior.
 



Ricardo Martins (artista convidado)
Vídeo-Instalação